Como toda a gente sabe, a Metro do Porto decidiu construir uma ponte sobre o Douro, ao lado da ponte da Arrábida, destinada apenas ao Eléctrico, que por estas bandas se chama, de forma parva, de “Metro”.
Sou favorável à construção de pontes entre Porto e Gaia, seja onde for e do tipo que for, mesmo na estupidez de ser partilhada apenas entre o Eléctrico e pessoas a pé (?), por isso não me pus a discutir a implementação desta, até porque a ponte, convenhamos, é bonita e há-de trazer sempre algum benefício.
Mas não consigo deixar de me perguntar sobre a estupidez de continuarem a construir pontes “aéreas” entre Porto e Gaia, sem fazerem uma única a cota baixa. Ainda mais agora, quando fecharam ao trânsito a única que tínhamos.
E, já que estamos a falar de disparates, fica outra pergunta: para quê construir mais uma ponte ao lado de uma já existente, quando poderiam perfeitamente aproveitar a ponte da Arrábida para o Eléctrico? Bastava desclassificar a auto-estrada e transformá-la numa via urbana. Aliás, uma via que deveria, obviamente, ser adaptada para comportar transportes públicos. Mas não. A Metro do Porto, na sua eterna falta de diálogo e completa alienação em relação a todos incluindo a população – que acha ser composta por ignorantes – tem a atitude “colonialista” de saber sempre que sabe melhor o que é bom para todos nós.
E como age a Metro? É simples: não pergunta a ninguém, decide o que quer, e segue em frente, atropelando tudo e todos.
Um exemplo?
O pilar do lado de Gaia desta ponte vai ser construído paredes meias com um edifício que está lá desde o século XVIII: a antiga fábrica da Arrozeira Mercantil. Um edifício que agora acolhe mais de duas dúzias de empresas e por onde passam diariamente centenas de pessoas. A Metro, claro está, mandou fechar a rua, faz obras à porta, remove infra-estruturas e nunca – repito, nunca – se dignou a aparecer para apresentar o projecto, explicar as implicações ou sequer ouvir as dúvidas dos afectados.
A Metro do Porto age, em suma, como gente mal-educada. Não é a empresa em si, claro, mas quem lá trabalha e a representa. Gente grosseira.