Metrobus

Está a fazer 20 anos o Metro do Porto teve uma ideia peregrina de fazer uma linha pela Avenida da Boavista. 

Nessa altura houve uma discussão pública sobre este assunto, onde se percebeu que a linha não faria qualquer sentido por muitos e variados motivos. Facilmente se concluiu que se o projecto era bastante condicionador da malha urbana onde se inseria, não servia a população, não era o investimento prioritário de transporte na cidade e se teria algum sentido uma linha de Metro nesta zona, a mesma deveria ser feita pelo eixo da Rua Diogo Botelho e Campo Alegre.

Aparentemente o Metro compreendeu o recado, mas não o esqueceu.

Em primeiro deixou cair a solução da linha pelo Campo Alegre com argumentos falhos e sem sentido e, em segundo lugar, veio ressuscitar a linha da Boavista, desta vez com uma coisa chamada de MetroBus.

A Metro decidiu ir buscar fundos ao famoso PRR, dinheiro fácil, impôs a obra à Câmara do Porto, que se deixou levar pela solução e pela obra fácil de reabilitação da Av. da Boavista, que há mais de 20 anos se apresenta num estado lastimável, para com a sua conivência vir apresentar a solução cuja obra decorre.

Obra esta cujo projecto não é do conhecimento da população e até suspeito da própria Câmara. (Chega a ser indecoroso como há entidades, tais como o Metro e as Infraestruturas de Portugal, que fazem o que querem nas cidades e nos territórios que não lhes pertencem sem pedir autorização e sem dar cavaco a ninguém.) 

A Metro apresentou uns números atirados ao calha para justificar o número de validações que prevê transportar, nunca os fundamentou. Uns esquissos a que chamou projecto para as linhas. Convenceu o Siza Vieira para fazer uma estação em Serralves que replicou às demais e com isso julga que ninguém a contestará.

Avançou para a obra. Aos poucos vamos todos percebendo o que isto significa. Algumas pessoas já se aperceberam que muitos dos cruzamentos nas vias vão deixar de existir, obrigando a muitas mais voltas no caótico trânsito que daqui resultará, ainda por cima com diminuição de faixas de rodagem.

Vão-se aperceber do estapafúrdio da volta do Autocarro junto à Casa da Música:

Do absurdo da “rotunda” entre Boavista e Gomes da Costa, da estranheza do desenho do cruzamento da Fonte da Moura e Garcia de Orta;

Da limpeza das árvores do canal da Boavista, para dar lugar a uma avenida careca de estupidez.

Finalmente vão perceber quando chegar ao fim, as obras intermináveis que o Metro nos habitua, que este Autocarro de nome pomposo (tal como o nosso Metro que nada mais é que um transporte eléctrico de superfície, como há muitos em muitas cidades, sem este nome dado pela parolice provinciana) seguirá vazio e lentamente pelo caos do tráfego resultante.

No final a dúvida será, mas afinal para quem serve este transporte? Para a gente rica que mora na Foz que não o vai usar? Para quem vem do subúrbio e vai ao mar fazer surf, como ilustra o cartaz? Para que serve esta pasmaceira??

Infelizmente, se houvesse muito dinheiro para esbanjar, se tivéssemos transportes públicos eficientes e de qualidade, esta poderia ser uma obra que se inserida num projecto de qualidade poderia ter algum sentido. Assim só nos dará raiva e vergonha.

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