Campanhã

Esta freguesia, e consequentemente o Porto, estão há mais de 8 anos a suportar custos de oportunidade. O Município tem mantido empatada uma área de 30.000 m2 – o Matadouro – condicionando o desenvolvimento da freguesia e a expansão da cidade. Não há justificação plausível. Ao longo destes 8 anos a economia do Município manteve-se (aparentemente) em alta. Aliás, existiu flexibilidade para aquisição de teatros e cinemas, em locais da cidade cujo desenvolvimento já estava solidificado. Os investidores internacionais também se mantiveram sedentos de projetos por todo o mundo. Com um quadro tão favorável, não se compreende por que é que o Município adotou para o Matadouro uma solução que já tinha sido proposta há mais de 20 anos, inclusive com os mesmos intervenientes. Em consequência deixou esta parte da cidade em espera, e isso tem custos imensuráveis. Não vale a pena culpar o Tribunal de Contas. Uma leitura ao acórdão deixa claros os erros e os prejuízos a que o Porto se estava a sujeitar. É indescritível.

Colmatar os custos de 8 anos de oportunidades perdidas exige que o Porto se reposicione, e pense para Campanhã um masterplan. Campanhã tem condições de ser a Green City do Porto. Reúne condições naturais para criar parque de inovação, nomeadamente biodiversidade, árvores, rios e baixa densidade habitacional por m2. As cidades desenvolvidas investem milhões para criar estes ambientes, que aqui são naturais. Reúne também condições para inovação social: passado industrial, pertença, localidade, população jovem e necessidade diária de soluções únicas. Todos estes recursos permitem explorar inovações tecnológicas e sociais, criar monitorizações, bases de dados, enfim soluções que não só solucionam os nossos problemas, como podem posteriormente ser exportadas. Portanto, é urgente que o Porto se deixe de facilitismos, de propagandas, e pense focar-se na exploração sustentável dos seus recursos, e não na sua destruição com construções massivas, réplicas das cidades em declínio. Temos que equipar a cidade para o século XXI.

Um pequeno exemplo do quanto o Porto se desperdiça. Os parques de inovação de topo, de Eindhoven a Estocolmo, têm animais, ovelhas, porcos, galinhas, andam lá a par dos robôs autónomos, as suas funções são inúmeras. Os animais fazem parte da teoria de inovação das cidades sustentáveis do futuro. No Porto fizeram há tempos um artigo no jornal apontando que em Campanhã há cabras e porcos à solta, mas naquele tom de miséria mental política dos pobrezinhos e pastorinhos. Se há animais à solta em Campanhã, isso é um valor, e deve ser já aproveitado. E não explorado pela negativa…

Ps. – Bem hajam pela abertura de uma plataforma livre de censura. Atualmente, o Município do Porto tem uma classificação insatisfatória no tocante ao debate público. No Portal da Queixa está classificado nos últimos lugares, não atende às queixas apresentadas, isto enquanto os cidadãos de Lisboa encontram nessa plataforma um meio rápido de resolver os seus problemas. Um Porto que não se debate é um Porto morto.

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