No dia seguinte

Os resultados das eleições de ontem terão obviamente impacto directo a Norte, até porque muitos dos principais protagonistas são do Norte, o que vai influenciar a sua futura actuação. Seguem-se algumas notas breves.

1) Logo às primeiras horas da noite, pareceu-me claríssima a solução que vai aparecer: governo minoritário da AD. Não adianta nada à AD aliar-se com a IL, e o Chega está fora de causa. Depois é negociar medida a medida, mantendo os princípios que levaram a vencer as eleições. Não será tarefa fácil, mas há boas probabilidades de haver um governo duradouro.

2) Isto implica uma mudança no modo como os partidos no arco entre o CDS e o BE gerem o relacionamento entre si: muito maior colaboração e disponibilidade para ouvir. Civismo e moderação, em suma. Têm faltado, mas o país precisa de evoluir.

3) Quem venceu verdadeiramente as eleições foi, infelizmente, a abstenção. Tem sido sempre assim. Um terço de abstencionistas continua a ser uma multidão.

4) O Luís Montenegro e o Pedro Nuno Santos estiveram bem nos discursos de ontem. O último até surpreendentemente bem, uma grande melhoria por comparação com a campanha. 

5) Nesta configuração da Assembleia da República, os pequenos partidos (IL e daí para baixo) só são relevantes nos casos em que simultaneamente o PS estiver contra a AD e o Chega se abstiver. Presumindo que a IL alinhará em geral com a AD, o Livre terá aqui um papel de equilíbrio bastante relevante. O BE também o poderá ter se limitar algumas tendências mais radicais.

6) Acho que o Chega já teve o pico alguns dias antes das eleições, e que a situação já tinha sido bem mais grave do que acabou por ser. Já foi a votos em queda e continuará a trajectória descendente na medida em que a AR for encontrando soluções que não dependam dele.

7) Uma boa opção para presidente da Assembleia da República, que devia ser acordada já entre AD e PS (ou até mesmo proposto pela AD como prova de boa fé de um futuro governo minoritário!), é o Francisco Assis.

Em resumo: temos uma situação em que a estabilidade produtiva é possível. Caber-nos-á também dar o exemplo e apontar o caminho, a Norte.

Post scriptum: no concelho do Porto, o Chega não chegou a 10% e na freguesia do Centro Histórico ficou ainda com menos, atrás do Livre!

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